A capacidade de se adaptar à uma nova realidade, impulsionada pela evolução tecnológica e pelos conceitos de mobilidade, e de transformar os negócios com foco no atendimento aos clientes marcou as discussões do 28° Congresso & ExpoFenabrave, realizado em 7 e 8 de agosto, no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Foram apresentados mais de 30 workshops e mesas-redondas, inspirados no tema “Resiliência. O mundo é digital e o relacionamento é humano”, além da exposição de produtos e serviços para as distribuidoras.
Na abertura do evento, o presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, destacou que, além de aderir a novas ferramentas tecnológicas, as Concessionárias precisam fortalecer cada vez mais o relacionamento com os clientes, buscando personalizar o atendimento. “Com resiliência, temos que mudar de comportamento, liberar-nos de conceitos antigos que não funcionam mais e renovar as ideias para enfrentar as transformações que estão ocorrendo no mercado”, acrescentou.
Presente na cerimônia, o presidente da República, Michel Temer, ressaltou a contribuição do setor automotivo para a economia e seu otimismo na batalha para superar as dificuldades do mercado. O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, também enfatizou a importância econômica das Concessionárias para a cidade. Já o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Jorge de Lima, e o presidente da Anfavea, Antonio Megale, destacaram os benefícios da nova política automotiva nacional, a Rota 2030, para o setor e a sociedade.
Futuro ligado à mobilidade
Ainda durante a abertura do 28º Congresso e ExpoFenabrave, o vice-presidente executivo da Toyota, Miguel Fonseca, apresentou a palestra magna, traçando um panorama para o futuro dos negócios do setor automotivo, a partir dos novos conceitos de mobilidade e do avanço tecnológico. Neste cenário, indicou que a tendência para as montadoras e Concessionárias é de se tornarem empresas de serviços de mobilidade.
Com base na redução das vendas de veículos novos no varejo (de 71% para 59%, entre 2015 e 2018) e no aumento das vendas diretas (de 29% para 41%, no mesmo período), Fonseca indicou que já existe uma mudança estrutural no processo de comercialização no Brasil, resultante do movimento de mobilidade. O modelo tradicional contemplava a montadora, a Rede e o cliente. Agora, antes de chegar ao consumidor final, o carro passa também por empresas de transporte por aplicativo e locadoras, por exemplo.
Para Fonseca, esse cenário apresenta, para a montadora e os Dealers, o desafio de manter o cliente próximo da marca e da Rede, ao mesmo tempo em que traz novas possibilidades de atuação nos segmentos de autopeças, seguradoras, transporte por aplicativos, locadoras e reparadoras. Para aproveitar essas oportunidades, ele apontou para a transformação dos negócios com base em três pilares: cobrança pelo uso do veículo; value chain e foco em serviços; e capilarização da Rede.
Fonseca também alertou para a preparação das concessionárias para as oportunidades de pós-vendas. Isto porque, veículos usados em serviços de compartilhamento terão mais quilômetros percorridos em menos tempo, aumentando o desgaste e as visitas às oficinas para manutenção.
Nesse contexto de mudanças, de acordo com Fonseca, cabe às indústrias e aos distribuidores trabalharem em conjunto para expandir sua área de atuação além do espaço tradicional, considerando, inclusive, parcerias com empresas que trazem novas propostas de mobilidade.