O Programa de Gerenciamento de Pedidos e Estoques (Nova Corsia) completou seu terceiro mês de funcionamento, em agosto, ainda em fase de aprendizado e ajustes. Segundo Ricardo Carreira, diretor de vendas para o Brasil da FCA, na última inserção de pedidos no sistema, 42% das lojas da Rede deixaram de digitar a cota de 80% de carros em pelo menos uma das versões.
“Para resolver isso, estamos verificando as dificuldades e prestando esclarecimentos, grupo a grupo, buscando o alinhamento da estratégia de cada Concessionária. Também estamos discutindo oportunidades de melhorias nas reuniões de comercialização da ABRADIC”, esclarece Carreira.
Em agosto, as Concessionárias receberam os primeiros veículos pedidos na estreia do sistema, em junho. Com isso, passaram a movimentar também as funcionalidades de suspensão temporária do faturamento automático e o Focus, onde podem oferecer para a Rede produtos para os quais não têm demanda e comprar aqueles que estão faltando em seus estoques.
Segundo Carreira, o ajuste da produção vai começar a partir de agora, com base nos produtos que forem disponibilizados no Focus. “Haverá uma adequação dos estoques, na medida em que for identificado pela fábrica o que está sendo dispensado por cada loja no Focus”, argumenta.
Divergência entre produção e demanda
Para Eliane Kunert, da Divesa de Curitiba (PR), a Nova Corsia é excelente, mas a forma como está sendo utilizada, até o momento, não permite que a Concessionária solicite à fábrica e receba os produtos com maior aceitação entre seus clientes. “Em vez de o sistema começar a funcionar com todos os veículos já disponíveis, deveria ter ocorrido uma adequação dos estoques da montadora e da Rede antes”, observa.
Preocupada com a possibilidade de a loja ficar com muitos carros que não atendem suas necessidades locais, Eliane conta que está cumprindo a digitação da cota e depois bloqueando o faturamento dos veículos no sistema, na tentativa de evitar recebê-los. Ela avalia que a Nova Corsia, devido a essa dificuldade com os estoques, só começará a cumprir seu objetivo de alinhar a produção à demanda dentro de uns seis meses.
Para Ricardo de Stefani, diretor comercial da Stecar, de Ribeirão Preto (SP), o sistema da Nova Corsia é ótimo, pois permite administrar os pedidos, programando os veículos com as cores, acessórios e outros detalhes que são mais convenientes para cada loja. No entanto, ele também aguarda o momento em que essa possibilidade se tornará concreta, pois está recebendo cotas com uma quantidade maior de carros que não condizem com suas necessidades.
Stefani acrescenta sua preocupação com o aumento dos custos de IOF nas compras pelo floor plan, devido ao crescimento do estoque da Concessionária, que está ocorrendo nesses primeiros meses da Nova Corsia. “Quando o sistema estiver funcionando de fato, de acordo com suas premissas, teremos uma grande evolução. Por isso, é necessário aperfeiçoar os processos no sentido de permitir que as lojas direcionem a produção dos modelos, em vez de a fábrica disponibilizar o que já está pronto”, destaca.
Na avaliação de Marcos Penna, diretor comercial do Grupo Sinal, a Nova Corsia representa uma grande evolução, pois inclui funcionalidades que permitem a comercialização de veículos com outras Concessionárias, por meio do Focus, que ele já está utilizando. Por outro lado, reforça também que os processos precisam de ajustes e considera que as dificuldades são normais, nesses primeiros momentos, em que tanto a montadora como a Rede estão iniciando a utilização do sistema.