No dia 6 de julho, foi realizado um evento de celebração dos 26 anos da inauguração da primeira fábrica da Chrysler, em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba), responsável pela fabricação da icônica picape Dodge Dakota.
O encontro foi no renomado restaurante Madalosso, em Curitiba (PR), reunindo aproximadamente 50 pessoas, entre ex-executivos da marca que desempenharam papel fundamental na implantação da fábrica e entusiastas da Dodge, Chrysler e Jeep.
Sérgio Carravieri Lisboa, então Gerente de Logística e Suprimentos da Chrysler na época, foi o responsável pela concepção do evento. “Essa realização surgiu de forma espontânea com o propósito de promover a confraternização entre ex-funcionários, fornecedores e entusiastas, além de celebrar e revitalizar o prestígio da indústria automotiva e mostrar os modelos icônicos entre Dodge Dakota, Grand Cherokee e outros que foram responsáveis pelo sucesso da companhia”, afirmou.
Lisboa compartilhou que o que era apenas o retorno da Chrysler com o Dodge Dakota ao País, se transformou em um projeto ambicioso ao estabelecer uma fábrica em um local que antes era apenas uma vasta plantação de milho, em Campo Largo (PR) e, tudo em um tempo recorde de 9 meses. “Como a primeira linha de montagem totalmente integrada com os fornecedores, utilizando comunicação EDI – Electronic Data Interchange (troca eletrônica de dados), adotamos um processo único no mundo de ‘Just in Time and Sequence’. O chassi inicial da Dana Corporation foi conectado e sincronizado com nosso planejamento, assim como todos os outros componentes do parque de fornecedores que se instalaram para garantir o abastecimento da linha. Fomos os pioneiros no Brasil a implementar o Full Milk-run”, acrescentou.
Lisboa relembrou dos desafios enfrentados, incluindo a falta de infraestrutura como estradas, telefones e sistemas, além do pouco conhecimento específico, dado que cada profissional vinha de uma área distinta. “No entanto, todos estávamos profundamente alinhados com um objetivo comum: entregar o melhor produto no prazo correto. Havia uma grande paixão pelo trabalho e pelo projeto, além de um legado de trabalho em equipe que formou grandes profissionais e realizou sonhos”, concluiu.
O que dizem os ex-executivos e os entusiastas da Chrysler
Segundo Lyle Raines, Diretor do Programa Dakota no Canadá, antes de vir para o Brasil, a Chrysler estava considerando a possibilidade de formar uma joint venture com a BMW, especificamente para a Tritec Motors. “Todas as reuniões que tivemos com Robert Eaton, presidente da Chrysler Corporation na época, ele demonstrou um grande interesse no Brasil”, comentou.
Raines chegou ao Brasil em janeiro de 1997 para integrar a equipe de David Elliot, chefe de produção da Chrysler no Brasil. “Entrevistamos muitas pessoas e formamos uma equipe muito forte no Brasil. Atualmente, embora a Chrysler não tenha mais uma fábrica e já não fabriquemos mais carros, esse evento é muito importante na história da marca, que hoje faz parte da Stellantis. É por isso que estou aqui, com grande alegria e honra, ao lado desses amigos que fiz há anos, para celebrar o alicerce que construímos em Campo Largo”, comemorou.
O então Diretor de Produção da Chrysler do Brasil, David Elliott, esteve à frente da implementação da planta em Campo Largo de 1996 até 1999 e lembrou: “Lançamos a primeira picape Dakota no dia 10 de junho de 1998 e celebramos a inauguração do evento em 7 de julho de 1998, dia em que o Brasil enfrentou a Holanda na Copa do Mundo”.
Elliot destacou ainda outro ponto muito importante em relação à fábrica: “Embora tenha sido fechada há muitos anos, fomos reconhecidos pela Toyota por termos implementado o melhor sistema de manufatura, o Sistema Toyota de Produção, fora da própria Toyota. Isso foi uma conquista significativa para nós e para a Chrysler. Até hoje, a Daimler Chrysler, localizada em Lafayette, cidade no estado americano da Luisiana, utiliza esse sistema em suas operações de fabricação”.
Para Sandro Hering, Engenheiro de Movimentação de materiais, trabalhar na Chrysler do Brasil foi um momento de acrescentar excelentes práticas que marcou sua vida profissional e pessoal. “Na época, eu fui responsável pela parte de embalagem, das peças que vinham dos Estados Unidos, e também pelo abastecimento das linhas de montagem”, explicou.
Hering destacou a competência do trabalho em equipe, afirmando: “Fizemos um excelente trabalho, e o que mais marcou a Chrysler foi o comprometimento de uma equipe muito jovem, tanto na linha de produção quanto na parte administrativa. Tivemos um aprendizado muito rápido, com um comprometimento e entrosamento tão fortes que não éramos apenas colegas de trabalho, mas também nos tornamos amigos. Hoje, vamos nos reencontrar e reviver as boas práticas que adotamos naquela época. Realmente, foi uma grande experiência, e eu me orgulho disso”.
Desde o início da operação, José Bosco Silveira Junior trabalhou como Engenheiro de processos na área de montagem e, posteriormente, assumiu a posição de líder de grupo na área final. “Comecei muito jovem, e esse foi meu segundo emprego na indústria. Trabalhar na Chrysler foi uma experiência enorme para mim, pois era uma empresa pequena se estabelecendo no Brasil para competir com grandes Montadoras”, explicou.
O engenheiro também relatou sobre a intensa inovação, especialmente na área de processos. “Tínhamos o sistema inovador Chrysler Operations System, que era ultramoderno em gestão de manufatura, com práticas que ainda hoje são consideradas atuais na indústria automotiva. Nós lideramos essa mudança. A qualidade do produto era excepcional, e cuidávamos muito bem de cada detalhe. Foi uma experiência fantástica que contribuiu imensamente para minha carreira. Cresci como profissional e como pessoa, além de ter feito inúmeros amigos”.
Boris Capaverde trabalhou como Coordenador de Salas e depois como Gerente de Engenharia e Qualidade Residente. Ele destacou que, apesar de os primeiros líderes não terem experiência prévia com automóveis, a equipe era altamente qualificada. “Conseguimos absorver todo o know-how da Chrysler sobre a fabricação de automóveis, combinando-o com o espírito que construímos e cultivamos dentro da nossa equipe”.
Capaverde explicou que o projeto durou 4 anos e formou muitas pessoas, impulsionando diversas carreiras. Tenho muito orgulho de ter participado do projeto da Dakota. Além de ser um produto bonito e desejado na época, conseguimos catalisar toda essa energia dentro da equipe”.
Como Gerente de Recursos Humanos na época da implantação da Chrysler, Edmar Gualberto relatou que foi um desafio significativo. “Foi desafiador para todos nós em termos de recrutamento e seleção de pessoal para formar uma grande equipe. Lembro-me com os colegas que a Chrysler do Brasil tinha uma média de idade bastante baixa em comparação com outras empresas, mas o pessoal era extremamente dedicado, com muita vontade de trabalhar e fazer as coisas darem certo”.
Gualberto ressaltou que o evento e o encontro com os ex-colegas de trabalho, que hoje são amigos, representam um momento muito importante para todos. “Vou levar isso até para a Associação Brasileira de Recursos Humanos para que vejam o espírito de equipe que foi formado naquela época diante de um grande desafio. Quero enfatizar também que a qualidade do nosso produto fabricado em Campo Largo foi imbatível; até os colegas dos Estados Unidos se impressionavam com o nível de excelência que alcançamos na empresa” enfatizou.
A história de Wilson Coelho com a Chrysler e a Mopar começou desde os primeiros dias da planta em Campo Largo. “Nós éramos responsáveis pela operação logística em Detroit, tanto para a Chrysler quanto para a Detroit, que estabeleceu a planta aqui no Brasil”.
Desde então, Coelho tem estado envolvido com a Chrysler e, mais recentemente, a partir de 2010, com a operação do Towner Country para a Chrysler, agora Stellantis. “Além disso, minha empresa realiza operações de armazenagem e transporte de peças Mopar de Orlando para Porto Rico”, destacou.
Segundo Edson Basso, Prefeito de Campo Largo de 2005 a 2013, a chegada da Chrysler teve um enorme impacto para a cidade. “Com a vinda da Chrysler para o Brasil e a implantação da planta, novos horizontes se abriram. A Montadora mudou completamente a história de nossa cidade; havia uma Campo Largo antes da Chrysler e outra depois dela. Graças à empresa, a cidade experimentou um novo desenvolvimento e um novo cenário”, celebrou.
Para Richelly Stella, entusiasta e apaixonado pela marca, tudo começou quando teve que dirigir e ficar com uma Grand Cherokee emprestada do amigo Carlos Brasil, que estava doente na época. “Fiquei com o carro durante alguns dias, o que foi tempo suficiente para me apaixonar pela marca e pela Mopar”, explicou.
No evento, Richelly estava ao lado de sua Grand Cherokee, Orvis Edition, cuidadosamente escolhida. “Esta é a minha paixão. Carros assim são fascinantes; quanto mais os conhecemos, mais dirigimos, mais gostamos e não podemos esquecer que acabamos fazendo muitos amigos pelo caminho”.
Carlos Brasil, outro entusiasta apaixonado pelas marcas Chrysler, Jeep e Dodge, trabalhou na Chrysler dos Estados Unidos de 1995 a 2000. Conhecido como Brasil, ele faz parte de um grupo de amigos de carros antigos Mopar e foi convidado para participar do evento de comemoração dos 26 anos da fábrica da Chrysler no Brasil. Coincidentemente, Brasil é também Concessionário Jeep do Grupo Globo, em Curitiba (PR).
Como Diretor Comercial da Concessionária, Brasil compartilhou sua paixão pelos carros da Chrysler, especialmente pela Mopar, Jeep e Dodge. Ele enfatizou: “No evento, estamos vendo o DNA forte da marca Mopar. A Dodge, que era a divisão esportiva, tem menos relevância no Brasil hoje, mas é importante ressaltar que ela carrega algo fundamental que contribui para o sucesso atual e futuro da Jeep e da Ram”.
Como Associado da ABRAJEEP, Brasil concluiu: “Quero agradecer à ABRAJEEP pelo apoio não apenas hoje no evento, mas também pelo apoio contínuo que a Associação oferece à nossa Rede de Concessionários, fundamental para o nosso negócio. Agradeço também ao Philip Derderian, ex-funcionário da Chrysler do Brasil, por enviar a assessoria de imprensa para cobrir este evento que celebra os 26 anos da fábrica da Chrysler no Brasil”.