ESPECIAL
“Ficou evidente que milhares de brasileiros estavam apenas esperando uma oportunidade para adquirirem um veículo novo”
Andreta Jr., Presidente da FENABRAVE
Desde quando o Governo Federal anunciou a MP – Medida Provisória nº 1.175, que dispõe sobre o mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos sustentáveis, compreendendo o mercado de automóveis e comerciais leves de até R$ 120 mil, a FENABRAVE – Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores, entidade que representa mais de 7.400 Concessionárias, em mais de 1.100 municípios brasileiros – apoiou a iniciativa reafirmando que a comercialização deve ser feita pelas Concessionárias.
“Tive retorno das 54 Associações de Marca filiadas e conversei com vários Presidentes das Associações de Marca e a grande maioria me disse que houve um grande aumento no fluxo das Concessionárias, principalmente, nas marcas com mais modelos de entrada. O aumento de passagens variou entre 30% e 260%, em alguns casos, o que mostra o sucesso do projeto”, comenta José Maurício Andreta Jr., Presidente da FENABRAVE.
Segundo a entidade, o maior movimento dos emplacamentos se deu, especialmente, a partir do dia 20 de junho, quando o volume de efetivação das vendas passou a superar o volume diário de 5 mil unidades, chegando a mais de 22 mil nos últimos dias do mês – desempenho similar ao alcançado em 2012, ano de recorde histórico de emplacamentos no País, quando mais de 3,6 milhões de autos e leves foram comercializados ao mercado interno. “Até a publicação da Medida Provisória, em 6 de junho, os consumidores estavam em compasso de espera, pois o MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços havia anunciado, em 25 de maio, que algum incentivo seria oferecido em breve. Após a publicação, houve o tempo de troca de notas fiscais entre Concessionárias e Montadoras, a habilitação das Montadoras aos créditos tributários e, enfim, o início do atendimento aos pedidos dos clientes, que foram os mais beneficiados com a medida, que era o nosso principal objetivo, já que o consumidor final foi quem mais perdeu poder de compra nos últimos anos”, comentou Andreta Jr.
O Presidente da FENABRAVE explica que alguns entraves inviabilizaram que o sucesso da Medida Provisória aparecesse mais em junho. Segundo Andreta Jr., o prazo médio entre o fechamento da venda de um veículo e seu emplacamento costuma demorar cerca de 15 dias. Soma-se a isso o fato de que, após a publicação da MP nº 1175, Concessionárias e Montadoras precisaram realizar trâmites de ajustes de notas fiscais e alguns DETRANs – Departamentos Estaduais de Trânsito ainda enfrentaram problemas de lentidão em seus processos. “Esse cenário fez com que o salto nos emplacamentos fosse observado apenas na última semana de junho, mas já foi suficiente para termos um resultado melhor que o de maio. Apostamos que o início de julho também seja positivo, pois refletirá os emplacamentos não registrados em junho”, analisa.
O sucesso da MP nº 1.175 foi tamanho que os R$ 500 milhões destinados aos segmentos de automóveis e comerciais leves já se esgotaram, o que fez com que o Governo Federal realizasse novo aporte de R$ 300 milhões em descontos tributários. “A iniciativa do Governo foi essencial para o setor e para o consumidor brasileiro. Ficou evidente que milhares de brasileiros estavam apenas esperando uma oportunidade para adquirirem um veículo novo. Nosso objetivo era exatamente alcançar os três principais fatores: preço acessível ao poder de compra, sustentabilidade e densidade fabril”, diz o Presidente da FENABRAVE, que reconheceu que, além dos incentivos do governo, as Montadoras e os seus respectivos bancos também adicionaram descontos a alguns modelos, com taxas atrativas para fomentar os financiamentos aos veículos que fizeram parte do pacote de benefícios.
PROJETO PARA O CRESCIMENTO SUSTENTADO DOS NEGÓCIOS
Como o novo aporte de recursos deve se esgotar ainda em julho, a FENABRAVE se mostrou preocupada com os resultados das vendas nos próximos meses e está preparando um projeto para apresentar ao Governo Federal, a fim de oferecer uma solução que vise o crescimento sustentado para o setor automotivo, sem perdas de arrecadação. “O Governo e seus ministérios têm se mostrado muito abertos a ouvir medidas propositivas de crescimento econômico, e a FENABRAVE tem sido convidada a demonstrar seus pontos de vista. Quero ressaltar que sempre estaremos à disposição para colaborar nessa discussão. Essa primeira iniciativa de impulso ao mercado de veículos foi um sucesso e tenho a certeza de que, junto ao Poder Público, encontraremos novas alternativas para buscar o crescimento contínuo”, finaliza Andreta Jr.
Embora tenha havido esse aquecimento nas vendas, devido a atual volatilidade do cenário econômico e diante da possibilidade de elaboração de novas políticas públicas de fomento ao setor automotivo no País, a FENABRAVE decidiu não rever, ainda, suas projeções para 2023, mantendo uma expectativa de crescimento de 3,3% nos emplacamentos para o ano, considerando todo o setor.