HISTÓRIAS SOBRE RODAS
Conhecido por seu talento como baterista dos Paralamas do Sucesso, João Barone também carrega uma paixão que vai além da música: a restauração de veículos militares antigos. Seu xodó é um Jeep Willys MB 1944, fiel aos modelos utilizados na Segunda Guerra Mundial.
Sua ligação com esse universo teve origem na trajetória de seu pai, João Lavor Reis e Silva, que combateu na Segunda Guerra Mundial como membro da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Em 1998, movido pelo desejo de reconstituir o passado, Barone adquiriu seu primeiro Jeep Willys MB 1944 e iniciou um trabalho minucioso de restauração. Importando peças dos Estados Unidos, ele garantiu que o veículo mantivesse a originalidade mecânica e estética, incluindo adesivos militares da época. O processo durou um ano e custou cerca de US$ 20 mil.
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Em 2004, João Barone levou sua paixão à Normandia para a comemoração dos 60 anos do Dia D. (© Arquivo Pessoal)
Para Barone, o Jeep representa mais do que um veículo histórico. “Ele simbolizou a mobilidade das tropas e a liberdade de atravessar qualquer terreno”, explicou. Esse legado continua vivo, refletido na popularidade dos utilitários 4×4 atuais.
Em 2001, inspirado por clubes internacionais, ajudou a criar o Clube dos Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro (CVMARJ), reunindo entusiastas da história e da restauração de veículos militares.
Sua paixão pela marca o levou, em 2004, a um novo patamar ao enviar seu Jeep do Rio de Janeiro para Paris e seguir viagem até a Normandia, onde participou das celebrações dos 60 anos do Dia D. Dessa experiência nasceu o documentário “Um Brasileiro no Dia D”, que resgata a história de Pierre Henri Closterman, aviador franco-brasileiro que esteve presente na batalha.
Inspirado na tradição dos soldados que batizavam seus veículos com nomes femininos, Barone decidiu chamar seu Jeep de Gisele. “Ao contrário do Jeep, minha esposa é linda! Por isso, resolvi inventar um nome qualquer. Gisele caiu muito bem”, brincou. O Jeep também recebeu marcações da quarta divisão da infantaria americana, recriando a autenticidade histórica.
Em 2009, o músico refez os caminhos da FEB na Itália, passando pelos mesmos locais onde os soldados brasileiros lutaram. Essa jornada resultou o documentário “O Caminho dos Heróis”, que homenageia a história da FEB.
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O baterista comemora seu aniversário com as chaves do seu novo Jeep Wrangler (1993) (© Arquivo Pessoal)
Em seu aniversário de 2013, a celebração ganhou um significado especial ao receber as chaves de seu novo Jeep. O que mais chamou sua atenção foi a pintura Commando Green do Wrangler. “Foi paixão à primeira vista – esse tom de verde remete imediatamente aos veículos militares”, relembrou.
Em 2014, ele voltou à Normandia para celebrar os 70 anos do Dia D, e em 2015 esteve na Itália para os 70 anos do fim da guerra. Mesmo sem o Jeep nessas ocasiões, Barone reconhece que foi esse veículo que abriu caminho para suas aventuras históricas sobre rodas. “O Jeep nunca me deixou na mão, e me aproximou ainda mais do que meu pai viveu”, finalizou.